A atitude tradicional no início de um projeto de auxílio ao
necessitado é procurar a resposta para a pergunta: "qual é a sua
necessidade?" Nada mais natural, partindo do ponto de vista de quem se propõe a ajudar. Mas esta pergunta é a mais sensata? será a mais correta? Ela não parte do
princípio de que quem ajuda está em posição superior (e não em "melhor
situação") a quem supostamente necessita de auxílio? Não é uma forma
delicada de questionar "o que está errado com você? como posso
consertar?"
Pensemos nos textos anteriores desta coluna. Esta não seria uma forma de iniciar um projeto social machucando quem se pretende socorrer, e a nós mesmos?
Um
melhor ponto de partida, que considera o próximo como um igual em
dignidade, não seria perguntar "o que está certo como você? Quais dons
Deus lhe deu que você pode usar para melhorar a sua qualidade de vida e a
do seu vizinho? Como as organizações da sua comunidade podem trabalhar em conjunto em prol do bem comum?"
O que está errado na primeira visâo?
Além do que já foi exposto nos textos anteriores (disponíveis na página do SADO), a visão de que falta algo na vida do
próximo / comunidade que é alvo da minha tentativa de auxílio conduz a
projetos que visam a doação: comida, roupas, abrigo, dinheiro. Quem é
auxiliado é um "cliente", um "beneficiário"; não é um ator, um promotor.
A experiência demonstra que esta tática não se sustenta por muito
tempo, não promove a capacitação das pessoas ou comunidades, exarceba o
sentimento de inferioridade e de ausência de esperança. E pior, ao ser
encerrada, deixa a pessoa / comunidade em situação pior do que antes.
O
caminho com maior chance de "empoderar" (ou seja, fazer as pessoas
descobrirem o seu próprio poder e a como usá-lo) é propor às pessoas /
comunidade questões como "quais questões você considera importantes
serem enfrentadas? quais os problemas que você vê a solução deles como
necessária? Quais habilidades e recursos que você possui que podem
auxilíá-lo nestas questões?"
A experiência também
mostra que é superior em resultados, tanto em qualidade quanto em
duração, estimular o próximo a ser um mordomo fiel dos seus dons e
recursos, uma das formas de adoração ao nosso Deus.
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