quarta-feira, 20 de maio de 2015

Auxiliando o Pobre: Como Avaliar?

Não pode ser esquecido o conceito de pobreza com que estamos trabalhando: o esfacelamento do ser humano em suas quatro áreas de relacionamento vital (com Deus, consigo mesmo, com o próximo e com a criação). Não pode ser esquecido de que, a partir deste pensamento, todos os seres humanos são, em alguma medida, em alguma esfera, pobres, e necessitam de auxílio. É a partir do conceito de pobreza que táticas podem ser elaboradas, implementadas e avaliadas.
O que é ter sucesso no aliviar o pobreza do nosso próximo?
O apóstolo Paulo nos dá uma pista, na carta aos colossenses: "Pois foi do agrado de Deus que nele [Jesus] habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz." (Cl 1.19-20). Se estamos falando de pobreza como fruto advindo da ruptura com Deus (o pecado), a resposta para ela então se faz através da reconciliação proposta por Deus na encarnação, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Ele é a resposta a pobreza nas quatro esferas de relacionamento.
Não estamos espiritualizando uma situação concreta. Estamos frisando que não existe circunstância "não espiritual" e "não concreta". Não há separação entre vida espiritual e vida mundana. Deus não está ausente do mundo de segunda a sábado, e trabalha apenas nas manhãs e noites dominicais. Ele não é cego às obras das Suas mãos em nenhum momento.
Esta noção já está presente de forma firme no Velho Testamento, inclusive nos Salmos. Por que os poetas inspirados chamavam Yaveh de "meu Rei e meu Deus"? Não era exatamente porque reconheciam a Sua soberania tanto na "vida espiritual" (o relacionamento com Ele e conosco mesmos) quanto na "vida concreta" (o relacionamento com o próximo e com a criação)?
Se foi do agrado de Deus que todas as coisas, no céu (as "espirituais") e na terra (as "concretas"), fossem reconciliadas com Ele através de Cristo, o apóstolo está nos ensinando que o Evangelho tem exigências à vida política, às regras do mercado, às normas culturais assim como tem ao jejum, à oração, ao estuda das Escrituras.
O alívio da pobreza é um processo que engloba a todos, em um processo (ou seja, não tem fim) em que todos se ajudam (o ajudador é edificado e aprende com quem ajuda, seja em que área for) e que tem o Reino de Deus que há de vir como modelo, e o Reino que já está entre nós como impulsionador da relação de ajuda. O sucesso é medido pela adequação gradativa de todos nas quatro áreas de relacionamento.

Na próxima semana vamos avaliar um caso concreto.
[adaptado do livro "when helping hurts"]

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