Arlindo da Silva Lourenço
O objetivo da pesquisa foi estudar a psicologia dos
Agentes de Segurança Penitenciária (ASPs), como integrantes de um
grupo profissional no exercício de sua função no interior do
cárcere.
O referencial teórico foi a Teoria de Campo de Kurt
LEWIN, com destaque para os conceitos de espaço de vida, pessoa e
ambiente, regiões, barreiras, locomoção e tempo.
O objeto de estudo foi 27 ASPs de duas
Penitenciárias masculinas do Estado de São Paulo. Esses agentes
foram observados em três situações de trabalho, especialmente nas
portarias e nas gaiolas das penitenciárias, durante 120 horas, ou
dez plantões. As observações, de matiz etnográfico, que incluíram
ações, gestos, palavras e ambiente físico, foram registradas em
cadernos de campo. A análise das observações foi realizada
mediante a leitura dos conceitos lewinianos, subsidiada por outros
estudos das prisões e das relações grupais no interior do cárcere.
A sistematização das análises permitiu inferir
que:
i) o ambiente das prisões não é apenas perigoso e
insalubre, como também lugar de trabalho precarizado e pauperizado,
ii) as pessoas dos ASPs ressentem-se da condição
inadequada de trabalho, mas poucos conseguem, no sentido da
transformação do ambiente,
iii) as más condições de trabalho levam à
precarização da própria existência pessoal dos ASPs,
iv) o ambiente da prisão leva à vitimização das
pessoas, sejam funcionários ou presos.
Os resultados foram discutidos à luz dos conceitos
enunciados, que permitiram esclarecer, do ponto de vista
psicossocial, o exercício da função do ASP como identidade
profissional paradoxal: ora agente repressor, ora agente
ressocializador. Essa ambiguidade característica resulta de uma
situação de equilíbrio precário entre regiões de valências
opostas e entre forças de natureza diversa, além de ser resultante
da interação com o ambiente, que inclui o grupo dos ASPs e o grupo
dos presos.
trabalho original disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=189773
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reportagem sobre o assunto disponível em http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/834606-estudo-aponta-que-expectativa-de-vida-de-agente-penitenciario-e-de-45-anos-em-sp.shtml
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