Título
curioso para um texto no boletim de uma comunidade cristã,
evangélica, reformada… É o título de um filme de faroeste de
1.969 que assisti em algum momento da minha adolescência.
Curiosamente, o título não foi esquecido, mas a história sim.
E
o título me veio à cabeça ao ler o texto do Paul e Raphael Freston
na última edição da Ultimato,
“a ética do ódio, as fake news e a idoneidade cristã”. Logo
no início, os autores compartilham o desconforto que foi ouvir de
uma pessoa cristã, líder, que tinha (isto é, exercitava,
cultivava, como parte de sua vida) ódio - no caso, do ex-presidente
Lula. Na verdade, não importa o objeto do ódio - Lula, Bolsonaro,
Marina da Silva, o vizinho, o tomador de conta. Conta o fato do ódio
como parte integrante da vida, como motor do ponto de vista, como
base no relacionamento.
Posso
atirar a primeira pedra em tal irmã? Posso afirmar que nunca pensei
ou disse algo semelhante? Certamente a resposta é não para essas
perguntas.
Posso
então, por uma questão de coerência pessoal, permitir que cresça
em mim o sentimento, a ideação, a fantasia do ódio por um
desafeto, por um personagem político, por alguém? Certamente não.
Reconhecer
que o pecado do outro é compartilhado por mim não me exime de
denunciá-lo em mim e no outro; não me exime de confessá-lo e de
admoestar o outro.
Uma
frase famosa entre os crentes é “amo você mas odeio o pecado que
habita em seu interior”. Dito curioso, com uma aparência de
piedade, assim como as sugestões satânicas são: simulacros de
piedade, de virtude, de obediência às Escrituras. Estas têm uma
preocupação especial em contrabalançar as emoções mais pessoais
e verdadeiras com o imperativo ético de agir para com o próximo de
igual modo ao que Deus age conosco.
Odiar
é fácil, assim como destruir. Castelos de areia levam tempos para
serem construídos, mas uma única onda os põe abaixo.
Relacionamentos, reputações, articulações, ações sociais,
ensino, espiritualidade sadia… Facilmente destruídas, arduamente
construídas. Construir dá trabalho, investir em relacionamentos
saudáveis custa nosso amor próprio, criar uma boa reputação
consome tempo, ter ações sociais compromete disponibilidade e sobra
financeira, investir na espiritualidade saudável causa dor e
arrependimento pelos pecados.
Há
uma semana foi discutida a relação entre fé cristã e desesperança
política (assista o vídeo). Esta é fruto também do ódio dirigido ao nada. O ódio,
mesmo que nascido de situação supostamente justa, nunca constrói. O
que constrói é a esperança, é o sonho, é a certeza de estar
esperando contra a esperança, é a convicção de se agir
corretamente para que os frutos sejam reais em duzentos anos e não
no nosso tempo.
Nosso
Senhor não nos ordenou a deixar ódio pelo mal como herança para as
gerações futuras. Mandou que construíssemos, mesmo com perda
pessoal. Estabeleceu que nosso legado seja de serviço
desinteressado, mesmo que àquele que, aos nossos olhos, nada mereça.
O amor dEle é nossa herança, nosso destino, nosso sonho, nosso
motor, a base dos nossos relacionamentos. Não o ódio.
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