Escrevi uma reação ao vídeo Solidão de idosos na Dinamarca
O escritor Knud Romer fala sobre a morte de seu pai e a solidão dos idosos na Dinamarca, um país várias vezes eleito o mais feliz do mundo.
"Uma folha cai ao Céu" é o nome do documentário sobre o pai de Romer,
produzido por Didde Elnif e Anders Birch.
Publicado
em 03/02/2013 https://www.youtube.com/ watch?v=S09zpRXm1U8&hd=1
Reclamamos de nossos hospitais e
postos de saúde da periferia? Olhamos para o chamado Primeiro Mundo como modelo
de eficiência e justiça? Este vídeo mostra o descuido dos velhos, crianças,
doentes, na rica Dinamarca pós-cristã pois pós-moderna. O escritor, bom
observador põe o dedo na ferida de seu pais , parecido com outros países
europeus. Temos a dispersão das
famílias, a perda de compaixão provocado pela sociedade competitiva, consumista,
sob o modelo econômico que maquiniza pessoas e vitima laços familiares e dignidade
das pessoas. Um depoimento de um
escritor que fala da frustração do ideal
familiar de compartilhamento e cuidado
mutuo. Conta suas próprias dificuldades em lidar com seu pai. Quem atribui ao
Estado o poder de cuidar de nossos destinos e garantir a felicidade dos idosos
e crianças, em trabalhos mediados por funcionários burocratas, não tem noção do que acontece mesmo entre os
mais ricos países.
Knud Romer ataca a institucionalização do cuidado de idosos, hoje
vista como panacéia. O que se pode
esperar dos médicos? Como anda o laço social que pressupõe confiança entre as
pessoas? O autor denuncia como a solidariedade e a compaixão tem minguado nos paraísos
do "bem-estar-social".
E depois da morte, quando o corpo
chega na funerária? Qualquer semelhança com o que acontece no Brasil não
é coincidência
e sim a lógica da dessacralização da vida, da ausência de ritualização
fúnebre. Como tudo é feito à sangue frio, pragmaticamente.
Morte asséptica, burocratizada. Lamenta a morte do sentido humano da
existência
devorado pela racionalidade maquinal do trabalho e cultura. A própria
entrevistadora encarna esta atitude quando, no auge da exposição do
jornalista,
que fala analisa profundamente questões morais e filosóficas implicadas
no
estilo de vida dá-lhe um corte na fala pois o tempo acabou!
Ageu 04/10/13
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